Roberto Leiser Baronas

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Estudos discursivos do Monjolinho:

questões entorno do digital

2024

O E-book “Estudos discursivos do Monjolinho: questões entorno do digital”, com livre e irrestrito acesso, publicado pela Editora da Associação Brasileira de Linguística – ABRALIN, está organizado em uma apresentação e mais 11 capítulos, autorados por pesquisadoras e pesquisadores em diferentes estágios de formação e filiados a distintas instituições brasileiras e estrangeira. A maioria das autoras e dos autores está ligada ao centro de estudos da linguagem Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais – LEEDiM, sediado na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, no Centro de Educação e Ciências Humanas, CECH, cujo campus é cortado pelo Rio Monjolinho. Como o próprio título indicia, o discurso digital na sua relação de mão dupla com os algoritmos, com a técnica é o objeto de investigação da presente obra. Quase a totalidade dos capítulos busca suporte teórico-metodológico nas contribuições das pesquisadoras Cristiane Dias (2018) e Marie-Anne Paveau (2021). Todavia, no livro, o trabalho das pesquisadoras não é tomado uma como espécie de alfândega epistemológica, cujo questionamento seria passivo de sanção. Trata-se ao contrário de pensa-lo numa relação de diálogo com outras possibilidades teórico-metodológicas. Esse gesto é materializado no sintagma que inicia o título: “estudos discursivos”. O livro parte de uma constatação empírica que é ao mesmo tempo óbvia e complexa: o digital vem mudando as nossas vidas. O digital está presente mesmo nas práticas cotidianas mais simples, como tomar uma refeição. Nesse contexto, com uma mão seguramos o celular, lendo as mensagens de whatsapp, por exemplo e com a outra o garfo. Para alguns pesquisadores como Louise Merzeau (2009), a inscrição do digital em nossas vidas (vai) muito além de uma “nova codificação (semântica) dos conteúdos, (ou mesmo) da introdução de um novo canal de (produção) e circulação (discursiva). É uma transformação do ambiente, que afeta as estruturas e as relações (das mais afetivas até as fisiológicas). Uma mutação como tal não desestabiliza apenas os usos e os objetos, ela desafia os modelos conceituais que servem para os formalizar”. Construir modelos teórico-metodológicos que busquem compreender o digital nas nossas vidas está entre os desafios dos estudos discursivos atuais. Com efeito, essa compreensão precisa ser crítica em relação aos discursos que cotidianamente alçam o digital a uma condição de panaceia para os nossos problemas. Se num passado não muito distante éramos “somente” sujeitos de deveres e direitos, constritos numa Forma-Sujeito (Pêcheux, 1975), hoje somos “sujeitos de dados” (Dias, 2018), cujo capital discursivo que produzimos a partir de um simples rolar de tela em um celular gera lucros astronômicos para as Big Techs. Não à toa que seus proprietários relutem tanto para a regulamentação das suas plataformas. Trazer para o centro do debate algumas dessas reflexões a partir dos estudos discursivos é o objetivo primeiro da presente obra coletiva.